terça-feira, 4 de abril de 2017

UM NORDESTE OLHADO PELAS BRECHAS DA PORTA

o Nordeste de antigamente eu gosto, mas temos um costume de nos pegar ao sertão arcaico (aquele reflexo do atraso econômico refém da política oligárquica coronelística), e achar bonito ao ponto de negligenciar o Nordeste de agora com suas várias faces sociais, que só terá valor no futuro. Daí por isso o pessoal do Sul e Sudeste ainda acha que aqui só tem casa de taipa, menino lombrigudo, povo todo analfabeto, cozinhando a lenha, etc. Por isso em um álbum que tenho coloquei o título; Nordeste de Antigamente, pois o que vemos hoje são resquícios (ainda afligidores) mas não regra, apesar de nossa ainda dívida social para com o sertanejo especialmente.

Nesse sentido, não vemos  todo o Nordeste mas apenas fragmentos que achamos representar o todo. As políticas de promoção do turismo por exemplo enxerga praticamente o litoral, já o olhar preconceituoso ou o romântico, enxerga apenas um sertão que parece não chover, desconsiderando inclusive os vários sertões dentro de um sertão só. Desse modo, temos apenas um Nordeste  olhado pelas brechas da porta.

Retratar o Nordeste de antigamente é necessário para a história, é gratificante pelo descobrir de como nossos antepassados driblavam a miséria, as injustiças, é um reencontro com nosso passado de criança sofrido, que parecemos gostar hoje, mas que naquele tempo queríamos fugir, assim como fizeram os milhares de retirantes, dos quais muitos ainda hoje procuram contatos com suas famílias que deixaram para trás.

Texto e foto: Cícero Lajes
Postagem sugerida pelo fotógrafo: Everton Fernandes

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