quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Personalidade Lajense - Zé Henrique
Nascimento: 01/11/1939
Local: Salgueiro pernambuco
Para começar a entrevista seu Zé Henrique chegou me chamando de Joãozinho. Segundo ele nós somos parecidos devido o corte de cabelo. Pra quem diz enxergar mal, é uma comparação aceitável. A dúvida só terminou quando Joãozinho chegou e falou com ele.
Quais foram suas profissões no seu tempo de jovem?
"Eu trabalhava no alugado, desde menino eu andava levando jumento de um lugar para outro (alugado equivale à caixeiro viajante, tropeiro ...). Também servi o exército em Caicó, mas lá ninguém nunca me fez de bucha de canhão."
Então o senhor já andou um bocado...
"Não, eu nasci em Salgueiro porque a gente não escolhe onde vai nascer. Meu pai tinha um terreno aqui, vendeu e foi pra Taipu, e depois vendeu e voltou pra cá. Mas eu conheço poucas cidades."
As pessoas dizem que o senhor finge que enxerga mal. O senhor fica chateado com isso?
"Eu fiquei cego por causa de uma jaca, daqui pra li não vejo nada. Nós tamo conversando aqui, mas se mais tarde eu li vi em um lugar não sei quem é. Eu fico triste porque viajo pras cidades com o centro de Idosos e não consigo ver as coisas. É uma tristeza!"
Mas o senhor não vê a hora do relógio?
"É mas é com muita dificuldade e porque já tô acostumado com os ponteiros."
Durante a entrevista:
Joãozinho - O senhor diz que é cego mas mulher bonita o senhor vê...
Zé Henrique; - "Não, olhe! Essa menina que tá aqui na minha frente eu tô vendo que é bonita."
Joãozinho - E o senhor não é cego?
Zé Henrique - "Eu percebi que ela é simpática pela voz dela. kkkk"
Voltando à entrevista;
É verdade que o senhor toca sanfona?
"Eu entendo de fole. não sou músico mas se tiver alguém tocando errado eu sei."
De repente Zé Henrique começou fazer um som na boca e abrir e fechar o braço esquerdo e dedilhar as costelas com a mão direita como se estivesse tocando um fole, em seguida cantou dois chotes de antigamente.
Nota: Considero Zé Henrique um patrimônio cultural de nossa cidade por causa de suas prosas. o lugar que ele frequenta se anima ou ele o anima tocando seu fole imaginário. se Zé falou que perdeu um irmão que fumava muito quando perguntei porque ele não parava de fumar...
"Eu já sou um véi; a morte nessa idade é um passeio. Quando eu tava internado no Walfredo por causa de uma operação eu sonhava que estava na estrada de Caicó, barbudo e com um saco nas costas, aí uma pessoa me perguntou: vai pra onde Zé Henrique? Foi aí que eu acordei. Eu acho que era a morte."
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