sexta-feira, 28 de julho de 2017

POEMA: Os Destinos do Trem / Cícero Lajes

Foto: Everton Fernandes

(Os Destinos do Trem / Cícero Lajes)

Aqueles rostos, aqueles risos

Aqueles corpos, aqueles olhos

Aquele brilho.


Aquelas formas, aquele pagante

Aquele menino, aquele destino

Aqueles semblantes.


De onde vêm? Pra onde vão?

Com quantos vinténs? São quantos ninguéns?

Alguém perguntou!


O que é que tu tens? Queres um pão?

O que é que convém? Conheces alguém?

Ninguém perguntou!


Aquele repouso, aquela pergunta

Aquela mania, aquela Maria

Aquela Raimunda!


Aquela estrada, aqueles percalços

Aquele assunto, aquele defunto

Aquele coitado!


De onde viria? Pra onde iria?

Qual era o nome? Morrera de fome?

Ninguém perguntou!


De boa família? De grande partilha?

Famílias de posses? Família de pobres?

Alguém perguntou.


Àquele caminho, àqueles porém

Àquela alma boa, àquelas pessoas

Àqueles do trem!

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