A Caatinga é um dos grandes domínios vegetacionais do Brasil, e inclui uma variedade de tipos de vegetação, paisagens e espécies da biodiversidade brasileira (fonte: Augusto C. Silva foto F, todas as demais: https://commons.wikimedia.org).
Os números entre colchetes [ ] ao longo do texto são citações bibliográficas presentes na lista de Referências no final desta postagem.
Se você quiser citar este texto, cite assim:
Souza, A.F. e Silva, A.C. 2018. Pesquisadores descobrem nove faces da Caatinga. Disponível em https://www.esferacientifica.com.br, acessado em / /
A Caatinga é o nome genérico da vegetação que cobre a vasta região semiárida localizada no nordeste do Brasil e uma parte do norte de Minas Gerais. Incluindo belíssimas paisagens com vales, chapadas e veredas, a região recebe menos de 1000 mm de chuvas anuais que são, ainda por cima, bastante irregulares.
Um dos domínios vegetacionais menos estudados do Brasil, a Caatinga é na verdade um complexo de vegetações diferentes, com variadas formas de conviver com a falta de água periódica. Ela inclui florestas altas que perdem apenas parte das folhas por alguns meses, arbustais espinhosos capazes de ficar totalmente sem folhas por longos meses, e áreas abertas e pedregosas repletas de plantas suculentas como os cactos, entre muitas outras fisionomias.
Em um artigo científico recém-publicado na revista científica Plos One [1], pesquisadores da área de Ecologia da UFRN em Natal reuniram informações sobre a distribuição de espécies de plantas coletadas em mais de 250 localidades diferentes da Caatinga ao longo dos últimos 50 anos. Eles usaram técnicas estatísticas avançadas para projetar a composição florística destes pontos em toda a superfície da região. Depois buscaram formas naturais de dividir esta projeção com base na ocorrência das espécies.
O resultado (leia o artigo na íntegra clicando aqui), mostrou a existência de 9 grupos florísticos diferenciados de Caatinga. Os grupos encontrados compartilham espécies mas contém muitas espécies exclusivas e portanto formam núcleos particulares da biodiversidade brasileira.
Ao contrário do que se pensava, estes grupos não tiveram relação com variações no tipo de solo nem com as atividades humanas. Eles foram determinados pelo grau de aridez do clima de cada sub-região estudada. Este resultado é um pouco surpreendente e mostra que os efeitos já conhecidos do solo e das ações humanas acontecem em uma escala mais local, enquanto que as variações climáticas entre uma região e outra determinam a existência de grandes grupos de espécies.
Com este resultado, o trabalho mostrou a importância de se conhecer a vegetação brasileira para além da sua fisionomia, que é importante mas que não retrata de forma completa todos os padrões da biodiversidade vegetal no País. O mapa gerado pode ser importante também no planejamento da conservação da rica flora da Caatinga, já que a necessidade de proteção é diferenciada para cada uma das divisões identificadas.
Referências
[1] Silva, Augusto C, and Alexandre F Souza. 2018. “Aridity Drives Plant Biogeographical Sub Regions in the Caatinga, the Largest Tropical Dry Forest and Woodland Block in South America.” PLOS ONE 13 (4): e0196130. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0196130.
Retirado de: https://professorcaninderocha.blogspot.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário