Cordel: A Sorte do Preá (Autor: Cícero Lajes)
Eu gosto dos animais
Conto até com receio
Um fato mei cabuloso
Num tempo de aperreio
Inventei de ir caçar
Vou contar sem arrodeio.
Num partido de sodoro
Eu avistei um preá
Carreguei a espingarda
Mas quando fui atirar
O preá saiu mangando
Nas garras d'um carcará.
Eu fiquei ali pensando
Que o preá teve sorte
Se não fosse o carcará
Tinha sido a sua morte
Mas fugiu com um amigo
Pro topo de um serrote.
Fui subindo a pedra preta
Um lugar chei de mocó
Chegando na pedra fina
Uma cobra de cipó
Enroulou-se no meu braço
Só falto me dar um nó.
Saí fazendo frecheira
Por cima de pau e pedra
Um garrancho atravessado
Me segurou pela perna
O garrancho levou sorte
E eu levei uma queda.
Cheguei no topo da serra
Avistei o caracará
Eu disse: cê se apronte
Agora tu vai pagar
Quem mandou você fugir
Carregando meu preá?
Quem disse que era teu
Aquele pequeno ser?
É do primeiro que pega
E não daquele que ver
E ainda não vi nada
Que eu não pudesse comer
Quer dizer que tu comeu
Aquele pobre coitado
E ele todo contente
Pensando ter escapado
Ter amigo como tu
É mesmo que eu ter matado
Claro que eu comi
Me diga daí pra cá
Não me venha com mentira
Que tu não ia criar
Eu matei foi minha fome
Morreu Maria Preá.
Pois eu vou denunciar
Na lei Maria da Penha
Só pra você se torar
Nunca mais fazer resenha
Inventar de ajudar
Pra depois descer a lenha.
Me desculpe meu amigo
Lá no céu tem urubu
Se tu ainda tem fome
Lá no chão tem cururu
Tu na terra tudo come
Tinha mais pressa que tu.
É a lei da natureza
Eu vivo na lei dos homi
É melhor eu estudar
Que não tenho sobrenome
Se for depender de caça
Vou morrer de passar fome.
Parabéns grande Cícero. Rindo muito aqui e imaginando a cena.
ResponderExcluirHehe, valeu grande Juvino!
ExcluirKkkkkkkkkkkkk muito bom!
ResponderExcluirFico feliz de ter gostado.
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