O Brasil encerrou neste sábado, 15, sua participação nos Jogos Parapan-americanos de Toronto com a melhor campanha da história. O time nacional conquistou 257 medalhas, sendo 109 de ouro, 74 de prata e 74 de bronze, o maior número absoluto e maior número de ouros.
“Mais do que a vitória, esses números mostram um crescimento consistente. De 15 modalidades disputadas, o Brasil terminou em primeiro em 10”, destaca o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons.
“Além disso, é possível notar um processo de renovação: em Guadalajara 19% das medalhas foram conquistadas por atletas abaixo dos 23 anos. Em Toronto foram 21,9%. “Temos mais atletas jovens e conquistando mais medalhas”, enfatiza Parsons. A equipe brasileira venceu 34,38% das provas disputadas – nos últimos Jogos havia sido 29,24%. Ou seja, uma a cada três medalhas de ouro da competição foram para o Brasil.
“Podemos notar uma evolução clara do Brasil. 78% dos nossos atletas conquistaram pelo menos uma medalha”, ressalta o Diretor Técnico do CPB, Edilson Alves Tubiba. “Esse resultado mostra que o nosso planejamento está no caminho certo. Todos os países cresceram. O Brasil, além de se consolidar como uma potência, ainda está brigando com esse crescimento dos adversários”, argumenta.
Neste sábado, das três medalhas em disputa, o Brasil conquistou os últimos dois ouros: no futebol de 7 e no goalball masculino. No futebol, o adversário foi a Argentina. Ao contrário da fase de classificação, quando o Brasil venceu por 6×0, dessa vez os hermanos deram mais trabalho. O Jogo foi truncado, mas os brasileiros venceram por 3×1. Os meninos do goalball foram bicampeões superando os Estados Unidos por 10×4. Com a conquista, o Brasil se sagrou campeão da modalidade.
Em oito dias de competições,1608 atletas de 28 países disputaram 15 modalidades em Toronto. Eles derrubaram 239 recordes da competição, 70 recordes das Américas e 10 recordes mundiais. A delegação brasileira em Toronto contou com 271 atletas, 23 acompanhantes de atletas (atleta-guia, calheiro, goleiro e piloto) e 159 profissionais técnicos, administrativos e de saúde.
“É uma campanha que nos deixa extremamente otimistas. É claro que a Paralimpíadas é uma competição diferente, mas entramos nesse último ano de preparação sabendo que podemos chegar à nossa meta, que é o quinto lugar no Rio”, explica Parsons. “Cumprimos aqui a terceira das nossas quatro metas do planejamento que fizemos em 2009. A primeira foi sermos campeões em Guadalajara 2011, a segunda o sétimo lugar em Londres 2012 e agora a vitória em Toronto.”
Ivaldo Brandão, vice-presidente do CPB, também destaca o potencial da conquista brasileira em Toronto: “Se observarmos o alto número de pratas que conquistamos (74), podemos ver quantos ouros temos condições de brigar. Isso mostra que nossa meta para o Rio é atingível”.
O presidente do CPB fez questão de ressaltar a importância dos apoios recebidos para que a meta em Toronto fosse cumprida. “Todos esses resultados só foram possíveis porque contamos com o apoio do Ministério do Esporte, da CAIXA, da Lei Agnelo/Piva, da Prefeitura do Rio de Janeiro e do Governo do Estado de São Paulo. É fundamental o crescimento de investimentos para que tenhamos como conseqüência os resultados. O CPB não está só de olho no Rio, mas em Tóquio 2020, no Parapan-americano de jovens, etc.”
O segredo do sucesso
O grande diferencial do Brasil, apontado por todos é o planejamento. “Esse é um trabalho de equipe. Não só da equipe do CPB, mas das confederações, dos clubes, dos atletas”, explica Parsons.
“Tecnicamente temos que ajustar algumas coisas. Sempre tem o que melhorar. Agora vamos trabalhar para que quem conquistou a prata aqui alcance o ouro, quem ficou com o bronze, busque a prata, e assim por diante”, explica Tubiba.
Para o diretor técnico o segredo do sucesso brasileiro é que o país trabalha individualmente com cada modalidade e tem um foco de desenvolvimento regional. “Nos preocupamos antes em ser os melhores das Américas para depois brigar mundialmente”, explica.
O CPB busca ampliar o alcance do esporte paralímpico. Para isso, tem iniciativas como as Paralimpíadas Escolares, que contam com jovens atletas dos 26 estados e do Distrito Federal. “O CPB nunca esqueceu de trabalhar sua base”, justifica Brandão.
Além disso, os grandes resultados acabam por cativar novos adeptos, explica Parsons: “Campanhas como essa aqui vai estimular mais gente a entrar no esporte paralímpico e assim vamos ampliando a nossa base de atletas”. Exemplo disso é o multimedalhista Daniel Dias – ele descobriu a natação paralímpica ao assistir os Jogos de Atenas 2004, quando Clodoaldo Silva ganhou tudo. Agora, sai de Toronto como o maior medalhista da competição, com oito medalhas de ouro – três delas em dobradinha com o próprio Clodoaldo
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