A sorte da Vida é a Morte (Cícero Lajes)
Uma cena comum ainda é forte
Uma cena comum ainda é forte
A morte comove muita gente
No sertão não seria diferente
Mas na seca a morte é rotina
Os viventes cumprindo sua sina
Para outros viventes é a sorte.
A carcaça exala cheiro forte
Uma vaca morreu em pleno inverno
Uma cobra mordeu no canto certo
Numa moita escondida com peçonha
Um cachorro comia sem vergonha
Urubu esperando sua sorte.
Em um solo rachado um povo forte
Um teatro que abre as cortinas
Um vaqueiro calçado na botina
Protegido vestindo suas vestes
Nos espinhos trancados ele investe
O cavalo arriscando sua sorte.
Debaixo do sol escaldante e forte
Numa curva fechada na estrada
A jiboia no meio atropelada
Carcará se fartando com cuidado
Desviando das motos e dos carros
A jiboia não teve a mesma sorte.
O vento que trás a chuva forte
Transbordando na beira do riacho
Carregando o bezerro descuidado
Jacaré foi lá perto pra comer
E uns vão morrendo pra outros viver
A desgraça de uns pra outros é sorte.
Lutando na correnteza forte
O peixe saltando acima d'água
O homem pescando sem tarrafa
Os peixes caindo no chapéu
A sina dos peixes foi cruel
Para o homem a sina foi a sorte.
Debaixo do sol escaldante e forte
Numa curva fechada na estrada
A jiboia no meio atropelada
Carcará se fartando com cuidado
Desviando das motos e dos carros
A jiboia não teve a mesma sorte.
O vento que trás a chuva forte
Transbordando na beira do riacho
Carregando o bezerro descuidado
Jacaré foi lá perto pra comer
E uns vão morrendo pra outros viver
A desgraça de uns pra outros é sorte.
Lutando na correnteza forte
O peixe saltando acima d'água
O homem pescando sem tarrafa
Os peixes caindo no chapéu
A sina dos peixes foi cruel
Para o homem a sina foi a sorte.
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