sábado, 29 de junho de 2013

ONTEM ACENDEU-SE A FOGUEIRA DE SÃO PEDRO. VOCÊ SABE DE ONDE VEM ESSA TRADIÇÃO?

Pois bem, entre os usos correntes nessa noite, há o de pular a fogueira, bem como de atravessar o braseiro de pés descalços. O que vários realizam, dizem, sem se queimar.

Há nesses costumes uma tradição européia cujo sentido perdeu-se, conservando-se o ato externo, por mero diletantismo.

Já vimos como, entre os povos indo-europeus, os das civilizações norte-africanas e ainda da América Pacífica, o culto ao deus-sol possuía um caráter universal. Ora, entre os ritos desse culto – danças rituais, que se realizavam no princípio da primavera ou no solstício do verão, saudação matinal ao sol, oferendas e sacrifícios por ocasião das festas solares, em que também se realizava a cerimônia do fogo novo com a fricção de dois paus – figurava a prática, entre os povos primitivos, de acender fogueiras nos solstícios de verão e inverno, em homenagem ao deus-sol, segundo Frobenius, P. Guilherme Schmidt e outros etnólogos.

Essas fogueiras tinham um sentido propiciatório, sendo freqüentemente imoladas vítimas, para que o deus-sol continuasse propício. Havia ainda o costume de se passar a fogueira a pé descalço, quando já braseiro. E isso era realizado pelos pais, mães e filhos, com sentido de purificação, de preservação de males corporais. E até os rebanhos de ovelhas e o gado eram levados a atravessá-la, para se preservarem das pestes ou delas se curarem.

Entre os hebreus estabeleceu-se em certa época idêntico costume, o qual foi proibido por Moisés, por seu caráter pagão. J. G. Frazer, em sua obra The golden Bough, ou sua tradução francesa Le Rameau d’or, II, Paris, 1911, acentua este duplo efeito do fogo daquelas piras: purificar e preservar de pestes e males, embora rejeite a interpretação que lhe é dada pela escola ritualista (veja-se, a propósito, o livro Les saints successeurs des dieux, Paris, 1907, de P. Santyves).

Essas primitivas práticas, com o advento do cristianismo, perderam seu conteúdo ritual solarista, e a igreja sabiamente não se opôs à continuidade da tradição, a que deu um conteúdo cristão: homenagem a São João, o precursor da luz do mundo – Cristo.

É com esse sentido cristão que se acendem ainda em toda a Europa as fogueiras de São João, no solstício de verão, entre nós correspondente ao de inverno. De Portugal vieram-nos elas. Os primeiros missionários jesuítas e franciscanos referem quanto eram apreciados pelos índios tais festejos de São João, por causa das fogueiras, que em grande número iluminavam as aldeias, e as quais eles saltavam divertidamente. São, pois, nossas fogueiras de São João, verdadeiras "sobrevivências", que perderam o primitivo sentido ritual.

Fonte: ifolclore.vilabol.uol.com.br

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