quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

PASSADO E PRESENTE: OS MONTES DE PEDRAS NOS CAMPOS DA CAATINGA

Monte de pedras feito por minha vó Conceição Ribeiro e seus filhos. Fazenda Rodeador, Santana do Matos RN.
Se você se deparar com um monte de pedras aglomeradas em uma propriedade e quiser saber qual o motivo de alguém simplesmente empilhar pedras, saiba que essa era uma atividade corriqueira nas fazendas do Nordeste que produziam o algodão. Como no semiárido nordestino a característica do solo é justamente a presença abundante de rochas de diversos tamanhos, o que torna mais difícil o cultivo de vegetais não endêmicos e, por isso uma das funções dos agricultores consistia em juntar essas rochas e amontoá-las em um lugar para assim aumentar a área de solo com barro e areia e assim fazer o plantio do algodão.

Isso explica em parte porque as famílias do Nordeste brasileiro que viviam nas roças eram tão numerosas - algumas ainda são - pois alguns fazendeiros só queriam moradores que tivessem muitos filhos que pudessem também se tornar trabalhadores, isso contribuiu muito para a grande quantidade do trabalho infantil e o analfabetismo da época, além das dificuldades com transporte escolar inexistente e a grande distâncias que se tinha das escolas. Junte isso à exaustão de um dia de trabalho no campo e pronto, eis que observamos um passado não tão distante ainda com reflexo no IDH de nossos municípios nos dias de hoje. Meus avós maternos e paternos fizeram parte dessa realidade, assim como minhas mãe,  meus tios e primos.

Algumas das rochas eram aproveitadas para a construção de cercas de pedras nos limites das propriedades.
Hoje os campos de algodão desapareceram e a caatinga retomou seu lugar nas paisagens.
Em alguns roçados ainda vemos pucos pés de algodão, não há mais viabilidade econômica ou incentivos financeiros para o cultivo do mesmo em larga escala. Veja na foto abaixo meu tio Pedro e minha mãe Francisca limpando a lavoura de feijão e milho dentre alguns poucos pés de algodão.
Também voltei aos meus princípios e ajudei limpar a roça, entre um descanso e outro fazia uma foto.

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