quarta-feira, 19 de agosto de 2015

O Riso Popular na Literatura do Renascimento

   "O riso era condenado pelo cristianismo oficial da Idade Média. O tom sério caracterizava a cultura medieval oficial, sendo a única forma de expressar a verdade, o bem e tudo o que era importante. Valorizava-se o medo,  a veneração, a docilidade, a resignação, a estratificação e permanência da tradição, considerando-os o tom correto para os cultos, os rituais e as cerimônias oficiais."

   "Essa seriedade, entretanto, fazia com que se legalizasse o riso e a alegria em cerimoniais puramente cômicos, como as festas dos loucos, em que estudantes e clérigos inundavam as praças, as ruas e as tavernas, com máscaras, fantasias, danças e festivais. Os ritos e os símbolos eram então degradados de forma grotesca, passando do plano espiritual para o material e terreno: embriaguez, comilanças, gestos obscenos, desnudamento etc. Eram dias dos bufões e das brincadeiras."
   (...)
   "A cultura popular do riso na Idade Média viveu e desenvolveu-se, assim, fora da esfera oficial da ideologia e da literatura elevada. E graças a essa existência extra oficial, ela se distinguiu por seu radicalismo e sua liberdade, por sua implacável lucidez."

   "Durante o Renascimento, o riso, na sua forma mais radical, universal e alegre, pela primeira vez, separou-se das profundezas populares e penetrou decisivamente no seio da grande literatura e da cultura "superior", contribuindo para obras de arte mundiais..."
   (...)
   "Em outros termos, o riso da Idade Média, durante o Renascimento, tornou-se a expressão da consciência nova, livre, crítica e histórica da época."

Fonte: COTRIM, Gilberto, 1955-. Historia Global - Brasil e Geral - volume único - 8. ed. - São Paulo: Saraiva, 2005.


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