quarta-feira, 23 de outubro de 2013

FOTO HISTÓRICA - POVO PEGANDO ÁGUA QUE VINHA NO TREM EM LAJES


Estradas de Ferro do Nordeste
Texto: Bruno Johnson/João Costa
Imagem : José Maria

Imagem do extinto trem que fazia o transporte de água no sertão do RN, no município de Lajes.
Durante os árduos e calamitosos períodos de seca pelos quais sempre passou o sertão do RN, e também regiões sertanejas de outros estados nordestinos, a salvação (ou pelo menos o alívio) vinha pelos trilhos. Numa época anterior à construção das redes de adutoras, esses utilíssimos trens cortavam a caatinga e faziam o transporte de água atingindo os sertões do Estado, levando o precioso líquido a quem tinha sede e pressa em saciá-la.

Os primeiros trens de água iniciaram suas viagens ainda na década de 80, durante uma das maiores secas do Nordeste na época. No caso do RN, a água era inicialmente extraída da Lagoa de Extremoz sendo bombeada para a caixa d'água daquela estação. Da caixa d'água de Extremoz, era bombeada para os vagões, geralmente tanques TCB e TCC, e de lá iniciavam jornada até o interior do Estado, sendo a cidade de Lajes a última parada. Mais tarde, na década de 90, a CAERN empreendeu a construção de uma tubulação que levava essa água até a estação de Nova Natal. Como Nova Natal possuía uma única via somente, o abastecimento dos vagões tinha de ser feito sempre à noite, logo depois que os trens de subúrbio fizessem sua última viagem. Quando todo processo de abastecimento estava concluído, era já madrugada, e justamente nessa hora partia o trem em busca de Lajes, bem antes de o suburbano começar a circular.

A composição era, de ordinário, formada por uma locomotiva RSD-8 e mais nove vagões-tanque TCC ou TCB repletos. A jornada partindo de Natal até o ponto final da viagem, na estação CIT, levava cerca de 3 ou 4 horas. A chegada da composição com seus tanques era sempre um evento. Uma multidão de pessoas logo se apinhava na estação trazendo suas latas, baldes e tambores para coletar um pouco da água trazida pelos trens. Nos tempos em que água encanada e adutoras eram ainda sonhos distantes naqueles sofridos rincões do sertão, os trens de água eram o alívio esperado para os efeitos devastadores das secas que regularmente açoitavam a caatinga nordestina, e nesse caso, potiguar. Foi muito útil enquanto durou.

O transporte de água por via férrea foi, sem dúvida, um grande serviço que a RFFSA prestou às populações sertanejas do nosso Estado, e foi de suma importância e relevância na vida de muitas pessoas beneficiadas pelos serviços desses trens nas secas que assolavam a região durante as década de 80 e 90. Desafortunadamente, com o processo de liquidação da RFFSA no final da década de 90, o transporte de água para o interior foi criminosamente descontinuado, e hoje, assim como todo o tipo de transporte ferroviário no Estado, faz toda a falta.

Fonte: Facebook de Estradas de Ferro do Nordeste

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